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quarta-feira, 23 de março de 2011

Chocolate amargo para pressão alta


Uma pesquisa realizada pelos cientistas da Universidade de Linköping, na Suécia, concluiu que o chocolate amargo, com alta porcentagem de cacau, pode ser eficaz contra a pressão alta. De acordo com o estudo, divulgado em novembro de 2010, o alimento inibe uma enzima no organismo conhecida por elevar a pressão arterial.

Foram recrutados 16 voluntários para a realização da pesquisa. Durante dois dias, eles foram proibidos de ingerir chocolate ou qualquer outro alimento com compostos similares. Os participantes tiveram que fazer exame de sangue antes e depois de comer 75g de chocolate amargo contendo 72% de cacau. Através deste procedimento, os cientistas verificaram redução de 18% na atividade da enzima conversora da angiotensina (ECA), que é responsável pela regulação da pressão arterial.

“Outros estudos, com diferentes metodologias, também chegaram à mesma conclusão. Entretanto, o mecanismo pelo qual o cacau poderia reduzir a pressão arterial ainda não está completamente elucidado. Os autores de uma pesquisa publicada no jornal “BMC Medicine” dizem que os polifenóis, em particular os flavonóides (antioxidantes), contidos nos produtos com cacau parecem aumentar a formação de óxido nítrico do endotélio (revestimento dos vasos sanguíneos), o que promove a vasodilatação e, consequentemente, pode diminuir a pressão sanguínea”, explica Iara Waitzberg Lewinski, nutricionista do Ganep Nutrição Humana.

O cardiologista Daniel Magnani, do Hospital do Coração (HCor) de São Paulo (SP), explica que os flavonóides estão relacionados à redução do colesterol e ao relaxamento arterial, ajudando no combate à hipertensão.

Entretanto, Iara acredita que seriam necessárias mais pesquisas para comprovar a eficácia do cacau para ajudar a reduzir a pressão arterial, além de determinar a quantidade de ingestão necessária do alimento e investigar seu efeito a longo prazo.

Benefícios

As vantagens do chocolate vão muito além do sabor. “O chocolate amargo é rico em antioxidantes (substâncias capazes de neutralizar o efeito oxidante de radicais livres e de outras substâncias) como os flavonóides, por exemplo, que previnem o envelhecimento e conferem proteção cardiovascular”, assegura Iara.

Magnani completa: “O doce também possui substâncias relacionadas à melhora das funções cognitivas, além de liberar serotonina, que leva à sensação de prazer”. Contudo, Mariana alerta para o fato de que estes benefícios só são válidos para o chocolate amargo ou meio amargo. “Alguns estudos mostram que o chocolate ao leite pode inibir os benefícios desses antioxidantes, sem contar que eles são ricos em açúcar e gordura saturada ao mesmo tempo em que são pobres em cacau, que é o principal responsável pelos benefícios do alimento”, justifica.

Cuidados

De acordo com Iara, não existe uma quantidade recomendada para consumo de chocolate amargo. “Devido à falta de padronização na metodologia empregada nos estudos científicos, ainda não há um consenso sobre a quantidade ideal de chocolate amargo a ser consumida diariamente, seja com o objetivo de reduzir a pressão arterial, seja para outros fins”, afirma.

Mariana Froes também concorda com esta informação. “Há estudos que falam de 38g ao dia, mas eu diria que isso vai depender de cada caso, pois o chocolate também contém açúcar, gordura saturada”, informa.

Iara e Magnani alertam ainda para o fato de que o consumo em excesso pode favorecer o sobrepeso e obesidade, que aumentam as chances de doenças cardiovasculares. Por fim, Mariana adverte: “Nada vale comer o chocolate amargo e não ter uma alimentação saudável. Por isso a palavra é equilíbrio para melhor desfrutar desses alimentos que chamamos de funcionais”.

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